2017 acabou e eu fiz exatamente o que eu fiz ontem: organizei as ideias para o ano seguinte. Ainda em janeiro, depois de alguns meses extremamente difíceis, mas compensadores, entendi que 2018 não seria fácil, provavelmente viveria um exílio para conseguir concluir as metas que eu mesma tinha definido pra mim. Sabia que seria um desafio torturante, mas assim foi feito. Foquei no que eu havia definido pra mim tanto na minha vida pessoal como na profissional. Falhei em muitas coisas, mas aprendi inúmeras outras e é com o aprendizado deste ano que a canceriana aqui traçou como será 2019. Vai ser especial, mas contarei se deu certo em janeiro de 2020. Porque agora eu preciso contar para vocês aquilo que fez 2018 um ano excepcional.

Adeus 2018.

Você foi incrível. Independente de tudo que aconteceu de ruim, de chato, de triste, você foi um ano excelente, não posso negar isso. Foi um ano de muito aprendizado e de auto conhecimento. Colocando em uma balança, nenhum fardo foi tão pesado quanto ao peso que eu dei a cada pequena vitória que tive este ano.

Ontem eu dormi cedo, quis pensar um pouco em tudo, mas li as mensagens dos amigos, dos grupos, dos conhecidos, dos famosos, de todos aqueles que eu me afastei um pouco mais ao longo do ano. Foi uma noite de reflexão. Noite em que refleti sobre as ironias, hipocrisias e louros de 2018.

Em 2018 eu conheci a Sandy, fui promovida, mudei de sala, construí a casa da minha mãe, conheci pessoas geniais, me aproximei de outras tão maravilhosas quanto imaginava que seriam, ganhei um prêmio, recebi um convite, participei de muitas coisas, recebi duras críticas, muitos elogios, tive paciência quando achei que fosse explodir, explodi por besteira, desapeguei, lembrei que eu existo e que preciso me amar e me priorizar sempre, listei meus objetivos, chorei mais do que eu deveria, de tristeza e de alegria, desisti, me arrependi, fui a uma festa, torci, inclusive o pé, perdi e aprendi. Aprendi demais.

Aprendi que não importa o quanto você seja boa ou faça coisas boas, ainda vai ter gente pra reclamar de você. E isso é problema delas.

Aprendi que o pensamento positivo, a fé e a esperança realmente fazem milagres.

Aprendi que nem todo amigo que temos é amigo de verdade e que alguns colegas são bem mais amigos que os amigos que achamos que temos. Entendi que as pessoas mais difíceis que passaram na minha vida nunca vão sair dela e que cabe a mim aceitar, ignorar e não me culpar por coisas pelas quais não sou responsável. Aprendi que as pessoas não se conhecem e se acham maduras, independentes e adultas suficientes para julgar os outros, mas estão longe disso. Aprendi que devemos valorizar as pessoas que estão sempre ao nosso lado, mas aprendi também que não devemos nos sentir na obrigação de sempre fazer isso através de uma exposição. Aprendi o valor do dinheiro, aprendi que a paz custa caro, aprendi que não sou perfeita e que nunca serei, aprendi e cresci com a infantilidade que me cerca, entendi, mas não aceitei que há limitação intelectual na vida de muitos, aprendi a pôr pra fora aquilo que me machuca, mesmo ainda não fazendo isso, aprendi que a música me ajuda a relaxar e que nem sempre é uma indireta para alguém, aprendi que não sei respirar, aprendi que é preciso amar as pessoas, não somente no sentido romântico da palavra, aprendi a ser grata, o que é básico pra se viver, aprendi a ignorar, aprendi a me auto avaliar melhor. Aprendi que posso esquecer sem me culpar, aprendi muitas outras coisas que não listei aqui, mas o mais importante foi que eu  Aprendi que tenho que aprender mais, estudar mais, me dedicar mais, trabalhar mais, ler mais, descansar mais, sorrir mais, sair mais, ser mais eu.

2018 foi incrível, mas eu espero e me preparo, desde o dia 03/jul/2017, para 2019, e eu sei que ele vai ser incrível. Ele vai ser meu, e só depende de mim. Volto daqui a um ano para contar pra vocês. 

Excelente 2019 para todos.

Tanto esforço em vão.

Eu estou sem tempo agora.

Tenho tanta coisa para fazer que muitas vezes me pergunto se eu vou dar conta, mesmo acordando muito cedo e dormindo muito tarde.

Eu estou tão sem tempo sempre que tudo que eu preciso fazer é na correria e quando eu vejo o meu dia passou, e eu não consegui resolver tudo que eu queria. Eu queria um pouco mais de tempo para resolver meus problemas, minhas tarefas e minhas responsabilidades. Eu poderia até pensar em ter um tempo livre também, mas com certeza, me conhecendo como eu me conheço, meu tempo livre programado seria preenchido com alguma coisa que eu julgo mais importante que muitas outras coisas realmente importantes na vida, por exemplo, por que eu gastaria meu tempo curto e precioso em uma reunião com família se eu posso encontrar todos eles no funeral deles ou no meu. Pra que eu vou gastar meu tempo visitando alguém se está tudo bem com ela? E eu sei que está, porque eu vi no Facebook enquanto eu almoçava, quando ela estiver doente eu faço uma visita.

Pra quê que eu vou cuidar da minha saúde? não tenho tempo pra isso, no dia em que eu ficar doente eu me preocupo. Eu não tenho tempo a perder. A perder.

Perder tempo é bem relativo, tudo varia de acordo com as prioridades que você dá às coisas a sua volta; dormir pode ser considerado perda de tempo, mesmo se eu estiver exausta. Sair com os amigos também é uma perda de tempo já que eu consigo encontrar com todos no WhatsApp a qualquer hora. Visitar um parente no dia do seu aniversário, mesmo quando não tem festa, nossa que perda de tempo.

A gente tende a achar que estamos perdendo tempo quando não estamos fazendo exatamente aquilo que planejamos, mas esquecemos de valorizar o tempo como ele deveria ser valorizado. Meus amigos me chamam para sair, eles estão dedicando o tempo dele comigo. Eu recebo uma visita ou sou convidada para um festa em família, todos lá estão dividindo seus tempos comigo.

O tempo é bem relativo e eu poderia falar sobre isso por muitas e muitas horas, mas eu estou sem tempo agora.

O dia começou praticamente como deveria ser, mas não continuou assim por muito tempo, aquela alegria que ela sentia enquanto dirigia para o trabalho, sozinha, ouvindo músicas altas, vidros baixos e expectativa para o feriado que se aproximava, foi embora logo depois que ligou o seu computador. Um fardo pesado pairou sobre seus ombros, do nada, as coisas começaram a desandar. Ela já se sentia uma inutil.

Todas as decisões já estavam tomadas e ela não tinha muita opção. Única coisa que ela precisaria fazer era aguardar 9 longas passar, até lá, muita coisa ainda iria acontecer.

A mudança de números no relógio do computador parecem mais lentas e ela percebeu isso porque ela acompanhou todos os minutos que passaram e, mesmo contando mentalmente, cada minuto parecia uma eternidade.

Depois de ouvir muitos comentários sobre o que havia feito nos últimos dias, ficou muito claro em sua memória, uma frase que ela sempre utilizava em momentos impactantes quando se tratava a sua vida profissional: Ninguém é insubstituível. Ela não é. Aparentemente, ela parece a pessoa mais vulnerável no momento, e mesmo que ela tente, com todas as forças, alguma maneira de se destacar, de mostrar seu potencial, alguma coisa a impede de conseguir ser objetivo. Sua cabeça anda cheia de nada, nada importante, mas ela não consegue se concentrar, parece que está sempre em uma corda bamba e sem a visibilidade de onde vai chegar no final do caminho. Um caminho escuro.

Ela anda impaciente, como se sentisse que não existisse um lugar em lugar nenhum para ela. Não sabe o que fazer, que decisão tomar, não consegue avaliar o futuro, nem mesmo o presente, um bloqueio mental tão forte que ela só consegue pensar que ela não é tão importante assim. De um modo geral, não é mesmo.

O dia já conseguiu começar da maneira errada e ela só espera mesmo é que as horas passem, que o dia acabe e que ela possa voltar para a segurança da sua cama, onde ela se sente realmente importante.

As coisas não eram como estão hoje.

Tudo mudou e não foi para melhor, não que antes fosse as mil maravilhas, mas já foi melhor do que é hoje.

Eles viveram a vida inteira juntos, e mesmo depois de um tempo, quando ela preferiu outro, ele ainda estava lá, sempre que ela precisou ele estava lá. mas ela não o ver. Ela não consegue enxerga-lo como deveria.

Ele não é perfeito.

Está longe de ser, mas ele sempre está lá.

Quando ela precisa dele, apesar de ter vontade de virar as costas para ela, ele não vira, ele é incapaz de fazer esse tipo de coisa, talvez porque ele acreditava que um dia as coisas pudessem melhorar. Ele está engando. As coisas não vão mudar. Não vão melhorar. Estão piorando a cada dia que passa. Esse é o rumo da vida deles, infelizmente.

Ele já pisou na bola com ela, mas ela faz questão de deixar absurdamente claro que a sua presença a incomoda, mas ele não a deixa. Ele nunca vai deixar.

Uma vez ela mandou ele embora e ele foi, mas voltou. Nem ele mesmo sabe o por quê de ter voltado. Ele se questiona muitas vezes sobre isso: E se eu não tivesse voltado, como seria?

Uma vez, o outro, o que ela prefere, a humilhou de tal maneira que ele achou que ela jamais aceitaria aquilo novamente, mas ela aceitou e nada mudou, ela simplesmente esqueceu, como se nada tivesse acontecido, mas se ele fizer alguma coisa, ela realmente se incomoda.

Ele não entende direito o que passa pela cabeça dela. E parece que não tem mais interesse em saber. Ele imagina que deve ser algo muito horrível sobre sua pessoa, e ele decidiu que não precisa mais se preocupar com isso. O problema é que ele continua lá. Ele não é acomodado, ele só acha que tem a obrigação de permanecer lá. E de certa forma, tem mesmo. Não se sabe se ele aguenta ser tratado como um ninguém pra sempre.

Ele está lá, mas é praticamente invisível. Ela só o nota quando precisa dele, apesar de já ter gritado muitas vezes que não precisa. Ela precisa, ele sabe, ela sabe, ela não admite.

Ele continua lá, mesmo morando praticamente sozinho, mesmo sem ter voz.

Ele fica preso, ele não tem opção. Ele busca incessantemente uma outra opção. Uma maneira de sair de lá, de morar realmente sozinho. De sentir a solidão quando ela realmente existe e não quando é criada, quando ele é obrigado e sentir mesmo sem querer. Ele não queria estar lá, mas ele está.. morando praticamente sozinho.

A morte, para muitos, é uma coisa natural, e pensando bem, até que é mesmo, mas nunca sabemos como reagir diante de algo que contraria a nossa vontade. O meu vizinho morreu. Ele morreu, e não que eu o conhecesse, na verdade, não sabia o nome dele e creio que ele só falou comigo umas duas vezes, quando eu era criança e estava fazendo bagunça na sua calçada. Meu vizinho morreu e ele era um senhor como outro qualquer, adorava sentar na calçada no final da tarde e ficar sentindo aquele ventinho nos seus cabelos brancos, mas ele morreu.

Ele morreu, e não que isso tenha interferido algum coisa na minha vida, para falar a verdade, nada mudou, praticamente. Continuo sem saber seu nome.

Meu vizinho morreu e a ultima vez que eu o vi, mesmo de longe, foi no primeiro dia deste ano, quando ele entrava na ambulância, aparentemente bem debilitado. Meu vizinho morreu e minha vida não mudou em absolutamente nada, nem mesmo quando quatro dias depois da ultima vez que eu o vi, as 6h30 da manhã, ele estava sendo velado em sua casa. Lembro-me que parei o carro em frente a sua casa, pude ver meus outros vizinhos, seus familiares, netos e filhos. Um deles estava em pé, praticamente do meu lado, e chorava. Chorava como uma criança de 5 anos querendo um brinquedo novo quando não precisava, chorava muito e eu pude sentir a sua dor, naqueles 3 segundos em que eu parei em frente a sua casa enquanto esperava a oportunidade de continuar meu caminho, e enquanto ele estava ali, sofrendo a partida do seu pai. Meu dia não mudou, mas meu vizinho morreu.

Fiquei o dia todo pensando no quão frias podem ser as pessoas. Uma vida se fora, muitas outras continuavam, algumas não mudaram, como a minha, outras mudaram para sempre, como as deles, que ali estavam, naquele dia, as 6h30 da manhã. Tão cedo, tão triste.

Aquela frase de que a vida continua é bem cruel. Não que a gente tenha a obrigação de sofrer a dor das outras pessoas, mas naquele momento eu senti, e também me senti culpada por não sentir muito mais que isso e também por não poder fazer nada. Eu simplesmente não conhecia aquelas pessoas, aquelas pessoas não me conheciam, provavelmente também não sabiam o meu nome e assim tudo continuou.

Meu vizinho morreu. Nada mudou. Não que a vida dele seja tão banal ao ponto de não interferir em nada na minha, eu quero dizer é que a cada dia novas pessoas morrem e continuarão morrendo e isso só vai mudar a sua vida quando você estiver no lugar em que estava o filho do meu vizinho. Em pé, na calçada, chorando como uma criança a perda do seu pai.

A morte do meu vizinho me fez sentir como se eu fosse sozinha no mundo, como se ninguém importasse além de mim, como se um escudo me protegesse daquilo que eu não tenho a obrigação de sentir naquele momento, mas o escudo do filho do meu vizinho caiu, e ele foi atingindo tão fortemente que eu pude ver, em 3 segundos, o quanto doeu, e que naquele momento ele parecia tão vulnerável, e estava mesmo. Ele, provavelmente, perdeu tudo naquele dia. E o meu dia foi o mesmo. nada mudou. Para alguns, mais egoístas e egocêntricos, nada mudou mesmo, foi só o meu vizinho que morreu.

Quando eu era pequena e estava começando a me entender como gente e a pensar no que eu pretendia ser quando crescesse, minha imaginação era muito fértil, principalmente quando se é jovem e não tem preocupação de nada por viver no conforto e tranquilidade da casa dos pais, com casa, comida, roupa lavada, mesada e diversão.

Assim que comecei a pensar em ser alguma coisa na vida eu pensei logo alto, na intenção de ser uma pessoa com um super futuro e ainda agradar meus pais com a minha escolha super bem sucedida de profissão.

Quando se é jovem com a cabeça fresquinha para novos conhecimentos e se tem uma estrutura adequada para desenvolver as habilidades educacionais é tudo de bom. Até antes do meu primeiro vestibular a coisa era bem tranquila, tirando a parte de que meus pais se divorciaram, eu mudei de casa, de colégio e também mudei muita coisa na minha rotina, antes era tudo mais fácil, eu só precisava assistir as aulas e estudar em casa, e eu achava que isso era tudo para um futuro brilhante. Eu queria demais fazer Medicina, ou Direito, ou Odontologia, ou Arquitetura, ou Fisioterapia.. ou mais alguma coisa que fosse lindo e com um super status naquela época. Tentei e não consegui, e as coisas foram ficando mais difíceis, com o tempo e com a conclusão do ensino médio, ainda continuei tentando mas eu tinha a sensação que o conhecimento estava escorrendo pelas minhas mãos e tudo estava ficando cada vez mais difícil, eu tinha que começar a trabalhar, não teria mais aquele tempo extra depois da escola, as provas estavam ficando mais difíceis pra mim e acabei fazendo uma Faculdade particular que eu abomino desde a primeira vez que ouvi o nome dela, fui na esperança de transferir de curso e fui levando com a barriga até a que acabei concluindo e acabei não transferindo também, e não foi por falta de vontade ou tentativa, foi apenas por dois motivos: primeiro porque não apareceu vaga para transferência e segundo porque eu não queria desistir no meio e ter que começar tudo de novo com uma grande chance de eu falhar. E o que aconteceu? Me formei frustradamente em um curso que eu odeio e as únicas coisas que eu consigo tirar de bom foram os laços de amizades que eu criei.

Ainda na esperança de ser alguém na vida, entrei para uma especialização que eu achei que fosse ter algum sentido na minha vida, mas parei para pensar e vi que estava cavando apenas mais fundo o buraco que comecei a cavar quando tomei a decisão errada de fazer algo que eu não gostava. Lembrei dos sonhos e desejos profissionais que eu tinha quando era jovem e vi que eu estava indo por outro caminho. Um caminho que eu não gostava, que eu não me orgulhava que que não era absolutamente nada parecido com aquilo que eu sonhava ser quando crescesse. 

Até um tempo desses eu estava em uma área que eu gosto muito, totalmente diferente daquilo que eu pensei um dia me tornar e eu ate me adaptei e comecei a gostar e tinha esquecido a frustação que eu tinha sentindo quando me dei conta de que nada que eu havia imaginado tinha acontecido. No momento em que me encontrava totalmente feliz e criando outros sonhos profissionais diante daquela posição em que eu me encontrava, a casa caiu e eu tive que voltar para estaca zero, foi aí que veio toda aquela lembrança de quando eu era adolescente e tomei a decisão errada. Fiquei pensando no teria acontecido se tudo tivesse dado certo conforme o planejado e eu não tivesse que ter tomado um rumo diferente na minha vida. Não é nada legal passar praticamente um ano inteiro ou dois se lamentando por uma coisa que você não tinha controle e tentando saber o que diabos que você iria fazer da vida se tudo que você pretendia fazer foi simplesmente arrancado de você. Hoje eu continuo trabalhando na mesma área mas não tenho mais amor pelo o que eu faço como eu tinha antes, sou apenas mais um robô da sociedade capitalista que precisa trabalhar para pagar as contas e que não pode se dar ao luxo de jogar tudo pra cima ou tomar mais uma decisão incerta e sem perspectiva. Não tenho base nenhuma para correr esse isso. 

Com tudo isso, acabei tendo a certeza de que, mais uma vez, eu preciso parar, pensar e sonhar sobre o que eu quero ser quando eu crescer e tentar começar tudo de novo. 

Antes tarde do que mais tarde.

Esta semana eu recebi 3 textos de duas amigas sobre praticamente a mesma coisa e elas não se conhecem, mas como os desabafos e/ou lamentações foram praticamente iguais para as duas, elas acabaram tendo a mesma ideia para tentar me motivar.

É óbvio que passar mensagens positivas, dizer aquilo que todo mundo já sabe e acreditar que você está ajudando de alguma forma por compartilhar um texto, um pensamento, uma mensagem, ouvir com atenção ou coisas do tipo, realmente ajuda muito, mas comigo, particularmente, a coisa funciona da seguinte maneira: Eu leio/ouço/lembro/guardo a essência da coisa, mas efetivamente pouca coisa muda. Acredito que isso aconteça com muita gente também.

Não estou sendo ingrata com minhas amigas que dispuseram do tempo corrido delas para me ajudar de alguma maneira, na verdade eu as agradeço imensamente, pois no exato momento em que pude dividir com elas tudo que se passa comigo, o fardo já foi diminuído. E não é todo mundo que está disposto a carregar o seu fardo com você. Se você está lendo isso e se perguntando: que fardo é esse que a Cynthia tem? Ela acha que o problema dela é maior que aqueles que eu chorei no facebook? 

Pare de se perguntar. Você não pode classificar os problemas ou dificuldades das pessoas se você não está na pele delas. Você não pode julgar nem mesmo determinar o tamanho de um problema baseado apenas no seu dom de achar as coisas. Infelizmente todos nós cometemos esse tipo de erro, mas nada que não possa ser resolvido.

O fato de não mudar efetivamente nada é que ao ler/ouvir/lembrar das coisas, tudo fica praticamente como está, não há uma mudança significativa ao ponto de me livrar totalmente daquilo que me atormenta, é uma mudança tão mínima que a gente chega a pensar que só um milagre pode resolver. O que eu estou querendo dizer é que existe um outro lado além de toda aquela positividade lida na internet, o lado real da coisa. As coisas não são tão simples, lindas e fáceis como parece quando a gente ler aquele texto de Auto-ajuda-que-todo-mundo-já-conhece. Você já tentou entender o por quê de apesar de todas as dicas infalíveis para ser feliz e tudo mais, algumas pessoas simplesmente não conseguem? Não? Nunca! Então porque você tem coragem de pensar ou abrir a boca e falar que as pessoas são preguiçosas, acomodadas e não tem iniciativa? Por que que ao invés de criticar ou arrumar uma possível explicação você simplesmente não estende a mão e vai ajudar a outra pessoa a sair do buraco. Por que que muitas pessoas colocam a bebida na frente do alcoólatra pra tentar fazer com que ele resista? Por que você precisa maltratar as pessoas dizendo que se fosse você no lugar delas as coisas já estariam resolvidas porque você faria assim, assim e assado? 

É tão mais simples tá do lado de lá, não se envolver e se manter distante, não é? Se é tão mais simples se abster da ajuda, por que você não se abstem do comentário também, é bem melhor. Algumas pessoas necessitam muito mais que palavras bonitas, elas precisam de um estímulo e uma motivação que muitas vezes elas não conseguem achar dentro de si. Se você quer realmente ajudar alguém, se envolva e coloque a mão na massa com ela. Que tal sentarem juntos à mesa e estudar aquela matéria que a outra pessoa tem dificuldade? Não estou dizendo que todo o mundo tenha que tomar para si as dores dos outros, mas se algum momento uma amigo seu se abre com você a respeito de alguma dificuldade talvez ele precise mais que seu conselho, algumas vezes o conselho já basta, algumas vezes só ter alguém para ouvir também já basta, mas algumas outras tantas vezes, não. E muitas e muitas vezes você também não pode fazer nada a respeito, isso é fato.

Toda forma de ajuda é válida, claro, mas não ache que apenas um “Vai dá certo” vai solucionar os problemas do outro. Você pode até ter feito a sua parte, se era assim que você poderia ajudar, mas tenha a sensibilidade de entender que por menor que o problema do outro possa parecer para você, na cabeça dele, tudo é maximizado e só quem sente sabe o tamanho dos monstros que podem ser criados quando não se está bem.

Quem nunca pensou que jamais cometeria o mesmo erro novamente e no final das contas, acabou cometendo sem se dar conta?

Eu, iludida, achando que nunca mais seria feita de besta pela mesma pessoa depois de muito tapa na cara, acabo me dando conta que fui, mais uma vez, a peça central de mais um jogo emocional, logo eu, que achava que já conhecia todas as jogadas possíveis e que estava certa que nada mais poderia me atingir novamente. Coitadinha de mim. Avaliei todos os movimentos ao meu redor e não adiantou muito, até que demorou um pouco mais, mas acabei baixando a guarda e caindo mais uma vez na teia da aranha.

Um jogo de estratégia de aproximação e distanciamento onde tudo acontecia ao mesmo tempo me levou a mais uma falha. Foi tudo tão bem pensado que mesmo com os dois pés atrás ainda me vi ludibriada e envolvida naquele jogo bem armado. Quando, finalmente, me dei conta já era um pouco tarde. Até onde vai a confiança em pessoas próximas? Por que as pessoas têm a mania de tentar sair de uma situação desagradável deixando alguém para comer a bronca?

Tudo perfeitamente esquematizado. Agora eu me encontro na situação de vilã por algo que não fiz, pelo menos não diretamente ou de caso pensado, tudo aconteceu com o desenrolar da estratégia do jogo. Vi-me na posição de bispo que tentou defender o rei de todas as formas, mas que acabou sendo surpreendido por um xeque-mate da rainha. De nada adiantou toda a minha defensiva, mais uma vez, lá estava eu, sendo usada de novo. Apesar de tudo ter acontecido na minha cara e eu não ter percebido, fica a lição de que sempre a gente vai ter que confiar desconfiando, caso contrário, você entra no jogo sem querer e ainda perde.